Entenda melhor a infertilidade

A infertilidade é definida pela Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva como a incapacidade obter gestação após 12 meses de relações sexuais sem uso de qualquer tipo de contraceptivo. Estatísticas apontam que cerca de 15% dos casais no mundo apresentam dificuldade para engravidar. Passados 12 meses tentando engravidar, é recomendável iniciar uma investigação médica buscando identificar uma causa para infertilidade. As causas de infertilidade podem ser divididas em quatro grandes grupos, sendo: • Fatores do trato genital feminino (útero e trompas) como: presença de miomas, pólipos, sequelas de infecções pélvicas e endometriose. • Fatores hormonais, como: desordens da ovulação, síndrome dos ovários policísticos, alterações do hormônio da prolactina e da tireóide. • Fatores masculinos, como: alteração no número, da movimentação e do formato dos espermatozoides. • Fatores desconhecidos: quando não podemos identificar o fator causador de infertilidade. Após um ano tendo relações sexuais frequentes sem uso de contraceptivos, a investigação da infertilidade se inicia com uma coleta detalhada do histórico médico do casal, associadas com exames que buscam identificar uma justificativa para a dificuldade de engravidar. Em mulheres com mais de 35 anos, o início da investigação da infertilidade deve ser realizado passados 6 meses tentando engravidar sem métodos contraceptivos. Com mais de 40 anos, tão logo decida engravidar, a mulher e seu parceiro devem passar por consulta médica e já realizar exames específicos. Caso o casal já conheça alguma desordem médica já conhecida que atrapalhe os planos de gestação (exemplos: espermograma alterado, menstruações irregulares, mioma, endometriose, ovários policísticos), não há razão para esperar, e o início da investigação e tratamento deve ser imediato. O importante é estar atenta ao tempo em que está tentando engravidar, e se está tendo ralações sexuais no período fértil. Conversar com seu ginecologista sobre o momento para iniciar uma investigação mais detalhada sobre seu caso. Não demorar para iniciar um tratamento, e procurar um especialista em medicina reprodutiva quando perceber que existe alguma dificuldade na identificação e tratamento da causa da infertilidade.

Quais os tratamentos disponíveis para infertilidade?

O primeiro passo para ajudar um casal que está tentando engravidar é buscar entender as possíveis causas da infertilidade. O casal deve ser bem avaliado, passando por consulta médica com entrevistas, exames físicos minuciosos e pela realização de exames complementares específicos. Descobrindo a causa da dificuldade para engravidar é hora de propor um tratamento. A decisão de qual o tratamento será realizado é baseado por uma série de questões. A causa da infertilidade, o tempo que o casal está tentando engravidar, a ansiedade, bem como os custos dos diferentes tratamentos, todos devem ser levados em conta na hora da decisão. O médico que acompanha o casal tem o papel de avaliar as vantagens e desvantagens de cada tipo de tratamento, mas a escolha é sempre uma decisão do casal. São três os principais tratamentos da infertilidade: Coito programado, Inseminação intra-uterina e a Fertilização in vitro. A relação sexual programada, também chamada de coito programado, é o tratamento mais simples para a infertilidade. Indicada normalmente para casais em que somente existe um problema no processo de ovulação. Com a utilização de medicações orais ou injetáveis e acompanhamento rigoroso de exames de ultrassonografias seriadas se acompanha a estimulação do ovário. Identificando o momento em que a ovulação irá ocorrer os casais podem programar a relação sexual no momento com a maior chance de obter uma gestação. A Inseminação intra-uterina é indicada normalmente para casais em que o homem possui uma alteração leve da qualidade dos espermatozoides, associado a algum fator ovulatório ou não. Com a utilização de medicações orais ou injetáveis e acompanhamento rigoroso de exames de ultrassonografias seriadas se estimula o crescimento dos folículos. Quando o folículo atinge o tamanho ideal usa-se uma injeção para proporcionar a ovulação, que ocorre em torno de 36 horas após a aplicação. Neste momento, por meio de um cateter, se injeta dentro do útero o sêmen que foi previamente preparado, isto é, passou por um processamento onde os espermatozoides com melhor qualidade foram selecionados. A inseminação intra-uterina é um procedimento simples podendo ser realizada no próprio consultório médico. A fertilização in vitro com ICSI (injeção intra-citoplasmática de espermatozóide) é, sem dúvida, o tratamento mais avançado para a resolução da infertilidade e com as melhores taxas de sucesso. As obstruções das trompas e as alterações importantes na qualidade do sêmen aparecem como as principais indicações para a utilização desta técnica. O procedimento requer medicações injetáveis com doses hormonais mais altas que nos tratamentos anteriores, acompanhado de controle rigoroso do desenvolvimento dos folículos ovarianos por meio da ultrassonografia via vaginal seriada. A retirada dos óvulos é feita em uma sala cirúrgica, com a paciente sob anestesia, por meio de um procedimento invasivo via vaginal. Os espermatozoides do parceiro serão injetados nos óvulos, que foram retirados do ovário na etapa anterior, para formar os embriões no laboratório. Em 3 a 5 dias após a injeção dos óvulos, um a quatro embriões, dependendo da idade da mulher, serão colocados dentro do útero, procedimento denominado transferência embrionária. Um suporte hormonal após a transferência é necessário para aumentar a receptividade do útero e, consequentemente, melhorar as taxas de implantação do embrião que representa o inicio da gravidez. Converse com seu médico para avaliarem juntos com é o melhor tratamento para seu caso.

Fertilização In Vitro e ansiedade

A busca de um casal por um filho por meio da fertilização in vitro inicia-se no momento em que ocorre uma decisão por buscar uma forma de realização que não foi possível por vias naturais. O tratamento se dá por meio de inúmeras fases que não podem ser adiantadas e nem ignoradas. Para se passar para a próxima fase, deve-se obrigatoriamente transpor a anterior. Em cada fase há questões emocionais, por isso a importância do apoio psicológico. Ao saberem que não podem gerar um filho por vias naturais, é comum o casal se culpar e se questionar sobre o porquê daquilo estar acontecendo justamente com eles. Sentem-se inferiorizados ao verem casais passeando com seus filhos, parentes que foram bem sucedidos, e ainda se perguntam: “Por que algumas pessoas que não merecem têm filhos, e nós que tanto queremos, simplesmente não conseguimos?”. Quando procuram uma clínica de reprodução assistida, surge a esperança: “Se não foi possível por vias naturais, então buscaremos uma forma alternativa”. Não se importam com a probabilidade e sim com a possibilidade de conseguirem o tão sonhado filho. “Se algumas pessoas conseguiram, por que nós não iremos conseguir?”. Surge então a expectativa, e com ela os sentimentos de ansiedade. Como já foi dito, o tratamento é realizado por etapas. Primeiro ocorre a estimulação do ovário, passando pela aspiração do folículo para a coleta do óvulo, seguido da fertilização do óvulo pelo espermatozoide e, posteriormente, a colocação do embrião no útero, até o resultado do Beta HCG. Todo o processo necessita de acompanhamento psicológico para que haja um suporte que irá ajudar o casal a superar cada etapa. O espaço terapêutico é o momento para se falar desta ansiedade. A ansiedade está ligada a algo que está na expectativa de acontecer ou não, mas achamos que irá acontecer. É algo considerado normal. Realizar uma prova, uma entrevista de emprego e aguardar na sala de espera do dentista são exemplos de situações que nos causam aquele friozinho na barriga, nos deixam na expectativa do que está por vir. A questão é que nem sempre conseguimos lidar com ela de um modo fácil. A ansiedade também pode estar ligada ao medo de que o pior cenário se torne realidade. Em situações mais agravadas, o sintoma não será um friozinho na barriga e sim, batimento acelerado do coração, transpiração intensa, tonturas e tremores. São sintomas físicos provocados pela nossa forma de pensar. Quando estamos ansiosos diante de uma entrevista de emprego, costumamos pensar no pior. “E se meu currículo não for bom? E se o entrevistador me perguntar algo que não saberei responder? E se eu ficar nervoso na hora e não souber me expressar?” A pessoa pensa em tantas possibilidades negativas que antes mesmo da entrevista acontecer, ela já se sente fracassada e acaba realmente ficando nervosa e perdendo uma oportunidade de emprego. Houve um medo enorme de algo que não ocorreu. Como se dá isso num tratamento de fertilização in vitro? Nos primeiros atendimentos, o casal fica sabendo de todo o processo, de todas as etapas que estão por vir. Em cada um dos processos ocorrem expectativas. Nenhuma dessas etapas pode ser excluída e o sucesso de uma etapa é condição para que a próxima venha a acontecer. O casal tem uma pequena participação no processo da fertilização in vitro. Como assim, “pequena”? Vamos então definir o que depende do casal, o que depende da ciência e o que não depende de nenhum dos dois. O momento da estimulação está diretamente ligado às aplicações das injeções e depende do efeito da medicação, isto é, como o ovário irá responder ao estímulo hormonal é algo que não controlamos. No próximo momento o homem fornece o esperma, a mulher os óvulos e depois é só aguardar. Não há mais nada que poderá ser feito pelo casal. A fertilização no laboratório e o embrião ser aceito pelo organismo dependem da natureza. Resta ao casal aguardar o resultado do Beta HCG. “O que diferencia então um serviço de reprodução assistida de outro serviço? Como posso lidar com as minhas expectativas, com as expectativas do meu cônjuge e com as expectativas da minha família?”. Certamente o apoio psicológico dado ao casal durante todo o tratamento ajuda muito. O que está em jogo é um filho, um sonho que ainda não pôde ser realizado. E a forma como lidamos com esse momento é que fará com que todo esse processo seja vivenciado de forma saudável, ou não. A forma como lidamos com nossa ansiedade fará com que toda essa expectativa seja um caminho suave ou doloroso. Quando estamos tranquilos diante de uma entrevista de emprego, por exemplo, lidamos de forma mais sadia com o processo, mesmo que o resultado final não seja o esperado. Ter um local para ser ouvido durante o tratamento da reprodução assistida lhes dará forças para lidar com cada etapa. O casal só tem a ganhar.

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